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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Entrega


Entrega

Quem tem medo da entrega,
tem no fundo
medo de viver a separação.

Quem separa sem entrega,
verá  que no medo
viveu em si, no fundo não.

Mas, quem viver sem medo,
no fundo há de ver
que todo fim é uma entrega
a uma nova criação.
Lucian

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Calar-se


Calar-se

Há momentos,
perdoe,
em que o poeta
quer calar-se.

Fingir escutar; viajar ao longe;
deixar o bar; recolher-se ao quarto.

Mas calar-se,
advirto-vos,
não como um nada a dizer:
silenciar-se.

Calar-se
como um parir-se
a dentro.
Calar-se
como um gestar-se
a fora.
Calar-se
como um grito
no parto.

Porque o poeta,
quando cala,
escuta o apelo, pari
o grito contido silenciado da alma.
Lucian Rodrigues Cardoso

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Poema do Imperialismo


Poema do Imperialismo

Meus companheiros da esquerda
me questionariam se eu
escrevesse que o meu amigo
Ricky vai a América – e não aos EUA.

Com o perdão da palavra, o meu amigo
Ricky vai a América.

Pois me despeço do meu amigo, que vai a América
da mesma forma que despediram-se
as mulheres dos soldados americanos que foram ao Vietnã;
me despeço do meu amigo, que vai a América
da mesma forma que despediram-se
Fidel e Che na Cuba socialista.

Ricky vai a América
e não há ideologia que cure
o imperialismo da dor de sua falta.
Lucian Rodrigues Cardoso

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Viver ou Pensar


Viver ou Pensar

Viver
ou pensar:
eis aqui uma questão?

Viver,
exigiria não pensar,
porque vida
suporia só ação.

Mas pensar
eis uma forma de viver,
porque pensamento
é existência em reflexão.

Posto que viver
e não pensar,
nisto, sim, há uma questão.
Lucian Rodrigues Cardoso

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Suicídio


Fico pensando: quando você se depara com uma pessoa querendo se jogar da ponte, e as outras preocupadas com o trânsito, é de se questionar: em qual parte do individualismo entendeu-se umbigo/egoísmo?

Suicídio
Ponte parada
a cada reclames
uma empurrada.

Lucian Rodrigues Cardoso

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Amor platônico


Amor platônico

Não se mostre como és
que o desencanto me fulmina,
eu gostava do que eras
quando não essa mulher
porque só minha menina.

Em tua representação
eu via o que queria,
tua voz dizia coisas
que com tamanha precisão
parecia que eu sentia.

Mas ao te conhecer
é que me veio outra magia
pois se tu me encantou
é desta forma que é você.
Não lhe cabias fantasia.
Lucian Rodrigues Cardoso

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Poema alienado


Poema alienado

O poeta escreve
um poema introvertido
tímido, que só à ele
veste-se o sentido.
O militante se estressa:
- escreva o preço do trigo!
Bem, amigo, o meu poema
politiza pelo circo.
Lucian Rodrigues Cardoso

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Poeta

Poeta

Sou barroco na dualidade
como sou também
do pau-brasil
de Oswald de Andrade.
Tenho as várias faces
de Gregório de Mattos,
porém, sou um Gonzaga,
mestre dos árcades.
Talvez até um
ultra-romântico azedo,
como um tal,
Álvares de Azevedo.
Ou quem sabe um realista,
ou vai saber,
um modernista.
(apostam alguns
em naturalista)
Assim como Adolfo Caminha,
eu também caminho
nos sons e sentidos
e que, como eu,
ninguém ousa
ser Augusto dos Anjos
ou Cruz e Sousa.
Detenho em mim
o Tropicalismo,
sendo um marginal
de marca maior
no meu contemporâneo
pós-modernismo.
Em verdade
na verdade
de verdade,
não sou Oswald
Drummond
ou Mário
de Andrade.
Sou poeta.
Do passado, presente, futuro,
simples profeta.
Lucian Rodrigues Cardoso

domingo, 6 de janeiro de 2013

O poeta quer morrer


O poeta quer morrer

O poeta tem vocação pra morrer:
De dor, de ciúme, de alegria, de amor
de tudo que viveu.
Mas o poeta é eterno.
Posto que é eterno
quem um dia
já morreu.
Lucian Rodrigues Cardoso

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O olhar do poeta escapa


O olhar do poeta escapa

Quintana disse: Ao olhar do poeta,
não escapa nada.
Mas, não seria: O olhar do poeta
não escapa à nada?
Não!
O olhar do poeta escapa,
escapa à pessoa amada.
E, quando escapa,
tudo passa; o tudo é nada.
O passarinho voa, treme uma asa
pro poeta, nada.
Uma nova estrela, revelou a Nasa
pro poeta, nada.
A formiga anda, adentra a casa
pro poeta, nada.
Se seu olhar
somente escapa
à pessoa amada,
pode-se dizer
que somente dela
depende o tudo
e depende o nada?
Lucian Rodrigues Cardoso

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Amor tem perfume


Amor tem perfume

Não meça o amor
através do perfume de quem se ame:
quando não mais sente o cheiro,
acabou o novo – não o amor.
O amor é velho!
Há perfume, não se engane.